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As aulas preparatórias para o Exame do Enem (PPL) são realizadas por professores que fazem parte do Pro Paz.

 

O interno Sandro Manuel, de 48 anos, vai prestar pela primeira vez vestibular para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para Pessoas Privadas de Liberdade (PPL). Foi dentro do Centro de Recuperação Agrícola Silvio Hall de Moura (CRASHM) que ele completou o ensino fundamental e agora finaliza o ensino médio. Para se preparar para a prova, o detento participou do “aulão” intensivo promovido na manhã desta quinta-feira (6), pela Fundação Pro Paz em parceria com a Secretaria de Educação do Pará (Seduc) e a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe).

“Quando cheguei aqui na unidade vi que deveria procurar algo para fazer e então resolvi estudar para enriquecer a minha mente e não ficar estagnado. No convívio com os professores comecei a ter uma outra forma de pensar, e assim, fui concluindo meus estudos chegando agora nesta etapa tão aguardada, que é a de entrar para uma universidade. Estou me dedicando muito e pretendo fazer o curso de Direito e, quem sabe, me tornar no futuro um advogado”, disse o interno.

As aulas preparatórias para o Exame do Enem (PPL) são realizadas por professores que fazem parte do Pro Paz, que iniciam as aulas no período da manhã, divididos em duas equipes, com quatro professores distribuídos entre as unidades do Centro de Recuperação Agrícola e do Centro de Recuperação Feminino (CRF) de Santarém.  As matérias ministradas são referentes à história, geografia, química, língua portuguesa e matemática, sendo que o objetivo maior é reforçar o conhecimento dos detentos com “dicas” essenciais para as provas.

“Nosso papel é reforçar o que estes alunos já vêm aprendendo com os professores que dão aula para eles ao longo do ano dentro das unidades prisionais. Estamos aqui para dar 'dicas' mais específicas quanto às questões das provas e prepará-los nessa reta final para prestar o exame com segurança”, explica o professor de matemática do Pro Paz, Edson Lobo, que há dois anos prepara os detentos dentro das unidades penais do estado.

No total, 65 detentos serão beneficiados com as aulas preparatórias, sendo 48 internos do Centro de Recuperação Agrícola e 17 internas do CRF de Santarém. Para serem classificados na prova, os internos devem obter a pontuação mínima de 450 na prova objetiva e 500 pontos na redação.

No CRF de Santarém, a interna Suelen Paiva está tentando o exame pela segunda vez. No ano passado, ela não conseguiu passar por um décimo. Este ano ela aumentou a rotina de estudos para tentar uma vaga no curso de enfermagem. “Foi por muito pouco que eu não consegui entrar, o que me incentivou a me superar. Este ano estou me dedicando bastante para reforçar meu conhecimento e garantir a minha vaga. Aqui contamos com o apoio dos professores, que nos dão aula regularmente, e com essa oportunidade em aprender com professores de fora eu posso melhorar meu desempenho e conquistar essa oportunidade”, enfatiza a interna.

Formação no cárcere

A Susipe oferece aos internos aulas regulares aos alunos de ensino médio por meio da parceria com Seduc e as secretarias municipais. Em 2018, mais de mil internos foram inscritos no Enem PPL, que realizará a prova em 44 casas penais nos dias 11 e 12 de dezembro deste ano.

Para a Coordenadora de Educação Prisional da Susipe, Guilhermina Castro, esta oportunidade é um incentivo a mais para estimular os internos a melhorarem as notas para o exame e reforçar o conhecimento. “Nosso objetivo através destas ações é de melhorar a qualificação dos alunos para que eles possam alcançar melhores resultados e com isso aumentar o número de detentos com nível superior dentro das unidades prisionais em todo o nosso estado”, finaliza.

Atualmente, a Susipe conta com mais de 5.021 internos envolvidos em atividades educacionais regulares. De acordo com dados do “Susipe em Números”, 29,19% da população carcerária estão em sala de aula. Deste total, 3.702 internos estão matriculados na educação formal; 1.215 na educação não formal e 104 em cursos profissionalizantes. Entre a população carcerária feminina do Estado, mais de 74,85% estudam.

Por Timoteo Lopes