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Agência Pará de Notícias Custodiados em estabelecimentos prisionais de oito municípios – Abaetetuba, Marituba, Santa Izabel do Pará, Tomé-Açu, Salinópolis, Paragominas, Mocajuba, Marabá e Capanema – foram beneficiados, nesta quinta-feira (30), com mais uma edição do projeto Conquistando a Liberdade. É a quinta vez este ano que os internos saem dos muros da penitenciária para prestar serviços gerais na comunidade. Cerca de 170 presos foram distribuídos em escolas públicas da capital e do interior do Estado para fazer serviços de manutenção predial e de serviços gerais. Nesta edição, quatro delegados do Sistema Penitenciário do Rio Grande do Sul acompanharam as ações do projeto. Segundo Luciano Lindemman, o Estado gaúcho administra 98 unidades prisionais, nas quais são desenvolvidas atividades de ressocialização, mas nada comparado ao trabalho desenvolvido pela Superintendência do Sistema Penal do Pará (Susipe). “Dispomos de algumas atividades que têm esse cunho da ressocialização, mas aqui no Pará ficamos maravilhados com essa ação, que coloca o detento em contato com a comunidade e o inclui novamente no meio social. Pretendemos levar essa experiência para o nosso Estado”, ressaltou. O projeto Conquistando a Liberdade consiste na remissão da pena com trabalho – três dias trabalhados representam um dia a menos no cárcere. Além da liberdade, os internos também têm a oportunidade da reintegração social. Charles Messias, 24 anos, cumpre pena no Centro de Recuperação Regional de Tomé-Açu. Nesta quinta-feira, ele participou do “Papo di Rocha”, na Escola Estadual Presidente Vargas, programação na qual um grupo de internos é colocado numa espécie de bate-papo com os estudantes. Com depoimentos, perguntas e respostas, eles relatam a experiência na prisão. “Para nós é importante esse contanto com a sociedade, que ainda discrimina muito as pessoas que cometeram erros, mas os alunos também aprendem com a gente que o ‘errado’ não leva a lugar nenhum”, enfatizou. Redenção – Nonato Barbosa Bernardes, 35 anos, cumpre pena há quase três anos por tráfico de drogas, também no Centro de Recuperação Regional de Tomé-Açu. Esta é a quinta vez que ele participa do projeto. Foi no cárcere que ele aprendeu que o crime não compensa. “Quando a gente está envolvido no crime, temos o poder na mão, mas ele não leva a nada. Tudo o que eu ganhei, eu perdi, e perdi ainda mais, que foi a minha liberdade. Quero sair daqui e reconstruir a minha vida dentro da honestidade, trabalhar e estudar. Quero ser um homem de bem”, anseia. O projeto Conquistando a Liberdade também amplia as oportunidades dos detentos de conseguirem emprego ao término do cumprimento da pena ou ainda na liberdade condicional. Segundo o defensor público da comarca de Tomé-Açu, Jhony Ginffony, muitos empresários da cidade se interessam pela mão de obra dos egressos, graças ao projeto. “É muito importante para esses homens saírem do cárcere já inseridos na comunidade. A oportunidade de trabalho para eles após o cumprimento da pena reforça ainda mais a filosofia do projeto, que é de ressocialização”, afirma. O projeto Conquistando a Liberdade começou em 2003, na Comarca de Abaetetuba, por iniciativa do juiz titular da 3ª Vara de Execuções Penais, Deomar Alexandre de Pinho Barroso. A parceria com o governo do Estado, por meio da Susipe, Pro Paz Cidadania e Secretaria de Estado de Educação (Seduc), e Poder Judiciário, possibilitou a expansão da ação para mais oito cidades. A primeira experiência nesta segunda fase do projeto aconteceu em março deste ano, e mensalmente a ação será levada a outras escolas desses municípios. Os detentos selecionados para a ação são escolhidos com base em critérios como bom comportamento e situação judicial, precisam exercer alguma atividade na casa penal e já ter sido beneficiados com a progressão da pena. Ação em Abaetetuba A comitiva gaúcha acompanhou o projeto em outro município nesta quinta-feira (30). O delegado José Friguetto, de Passo Fundo, viu o trabalho feito na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Benvinda de Araújo Pontes, em Abaetetuba. Para ele, o Conquistando a Liberdade é um meio consistente para o trabalho de reinserção social dos que cumprem pena no cárcere, atingindo todas as pontas envolvidas no processo. “Esse projeto é uma novidade no Brasil, pois ele leva benefícios para a comunidade, profissionaliza os detentos, promove o envolvimento de todos e ajuda na diminuição do preconceito. O que mais me chamou a atenção foi o Papo di Rocha, que alerta os jovens a não irem pelo mesmo caminho trilhado pelos presos. É um projeto bem elaborado e viemos entender como ele funciona na prática, como conseguiram envolver tantos elementos e parcerias. Com certeza é um exemplo que vamos seguir”, afirmou. O diretor do Centro de Recuperação Regional de Abaetetuba, Jorge Melo, explica que o projeto beneficia diretamente os internos, tanto na redução da pena como na humanização do retorno ao convívio social. “As nossas cadeias são superlotadas e o Conquistando a Liberdade mostra que os internos têm condições de fazer a diferença na sociedade e não voltar mais para prisão. O projeto humaniza o cárcere, deixa os internos mais tranquilos e mais focados na recuperação”, disse. O apenado Josias Silva diz que o trabalho ajuda a transformá-lo em uma pessoa com mais perspectiva e confiança na liberdade, que irá ganhar em 2014. Saber que pode ser útil para a sociedade e contribuir efetivamente para zelar por uma escola, por exemplo, é uma oportunidade para ele como cidadão. “Nunca pensei que pudesse ser útil dessa maneira, de estar de novo em sociedade, convivendo com as pessoas de igual para igual, mesmo que por algumas horas. Quando acabo o trabalho tenho a sensação de dever cumprido”, observou. O estudante Joaquim Silva, 18 anos, que cursa o primeiro ano do ensino médio, participou do Papo di Rocha e disse que é mais fácil entender o problema quando o fato é contado por quem o enfrentou. As histórias dos presos e as orientações dadas aos estudantes são experiências que ele nunca vai esquecer. “Eles falaram muitas coisas que a minha mãe sempre fala e eu não dava muita importância, como estudar, ter disciplina e não se meter com companhias erradas”, afirmou. No início deste ano, a escola Benvinda de Araújo Pontes enfrentou um sério problema com alunos envolvidos com meliantes, criando uma tensão no cenário escolar. O diretor da escola, Manoel de Souza, disse que resolveu procurar a ajuda da polícia, e durante esse processo conheceu o projeto Conquistando a Liberdade. Desde então, candidatou a escola para receber os detentos e estreitar a relação entre a escola e o sistema de segurança pública. “Quando a gente fala em polícia na escola sempre parece algo que não combina, que não faz parte. Pois nós conseguimos melhorar o problema que tivemos com a nossa escola por causa do apoio da polícia que nos orientou a combater o problema com mudança de atitude e não com repressão. Abrimos as portas da escola para a polícia e começamos a mudar o nosso cenário de violência. Aqui a gente também pretende promover uma sociedade melhor, começando por contribuir para que a sociedade mude o estereótipo que se tem dos detentos”, afirmou. (Com informações da repórter Danielle Filgueiras) Texto: Danielle Ferreira - Secom Fone: (91) 3202-0912 / (91) 9117-7020/ 8272-3665 Email: danielleferreira@agenciapara.com.br Foto:Eliseu Dias/Ag.Pa Secretaria de Estado de Comunicação Rodovia Augusto Montenegro, km 09 - Coqueiro - Belém - PA CEP.: 66823-010 Fone: (91) 3202-0901 Site: www.agenciapara.com.br Email: gabinete@secom.pa.gov.br