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Agência Pará de Notícias O número de mulheres envolvidas no tráfico de drogas tem aumentado em rápida escala. É o que os órgãos que compõem o Sistema de Segurança Pública do Estado têm observado nos últimos anos. Segundo dados da Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe), mais de 75% da população carcerária feminina cumprem pena por tráfico de drogas. Atualmente, 799 mulheres estão reclusas em unidades penitenciárias do Estado, das quais 601 por envolvimento com esse tipo de crime. Jovens e de boa aparência, as novas atuantes do comércio ilegal de entorpecentes, outrora, estavam acima de qualquer suspeita, mas hoje participam constantemente do tráfico. Em geral, a mulher atua de forma coadjuvante, grande parte motivada por relações afetivas, enquanto os protagonistas continuam sendo os homens. O papel principal é assumido, porém, quando os companheiros são capturados pela polícia. Na última segunda-feira (23), duas mulheres que seriam responsáveis pelo fornecimento de entorpecentes nos bairros da Cremação, Jurunas, Batista Campos, Condor e Guamá foram capturadas por policiais civis da Seccional da Cremação, em Belém. Com elas, foram apreendidas 514 petecas de cocaína e 87 tabletes de maconha. Michelle Cristina Serrão Gonzaga e Maria Rúbia Carneiro Barbosa foram localizadas a partir de uma denúncia anônima. Este ano, somente nos cinco primeiros meses, a Delegacia de Repressão ao Entorpecente (DRE) apreendeu cerca de 300 quilos de entorpecentes, entre maconha, haxixe e cocaína. O número já ultrapassa a quantidade apreendida durante o ano de 2011, que chegou a 288 quilos. Comparada a 2010, a intensificação ao combate ao tráfico também é significativa. Naquele ano, a DRE registrou a apreensão de 236 quilos de entorpecentes. Combate – Apesar da quantidade expressiva, o número não se refere a todo o Estado do Pará – uma vez que delegacias, seccionais e superintendências também desenvolvem operações que objetivam o combate ao tráfico de drogas –, entretanto, refletem uma política integrada de governo, voltada à repressão ao tráfico, que vem sendo posta em prática na atual gestão. O delegado João Bosco Rodrigues, que já esteve à frente da DRE e atualmente responde pela Diretoria de Polícia Especializada, da Polícia Civil do Estado, destaca que a intensificação do trabalho da polícia repercute, tanto nos números, como na identificação de novos personagens do mundo do crime, como é o caso da mulher. “O aumento significativo no número de mulheres envolvidas no tráfico é bastante significativo”, avalia o delegado, informando que a participação feminina se dá, sobretudo, no varejo (boca de fumo), envolvendo toda a família. “O marido coordena as ações com o apoio da companheira e dos filhos, que já crescem no contato direto com este mundo. Na maioria das vezes esse comércio ocorre no interior das casas, às escondidas. No primeiro momento a mulher apenas dá o suporte na confecção da droga, mas quando esse homem é preso pela polícia, ela assume o papel principal do ponto de distribuição”, detalha o delegado João Bosco. Reinserção – Se por um lado o governo está investindo na repressão ao tráfico de drogas, por outro está reforçando as políticas públicas para atender, sobretudo, crianças e adolescentes, por meio do Pro Paz, além de investir em programas de reinserção, desenvolvidos pela Susipe. A educação formal (ensino fundamental e médio) e diversos cursos de capacitação, em parceria com instituições públicas e empresas privadas, são as atividades gerenciadas pelo Núcleo de Reinserção Social. Camila de Oliveira Benito, de 23 anos, cumpre pena por tráfico de entorpecentes e associação ao tráfico, no Centro de Reabilitação Feminina (CRF), em Ananindeua, na região metropolitana. Com bastante dedicação aos estudos, ela concluiu o ensino médio no centro e não parou de estudar. A recompensa veio este mês, quando conseguiu a aprovação no vestibular para cursar pedagogia. “Nunca pensei que aqui fosse o fim. Procuro plantar e absorver as coisas boas todos os dias para ter uma nova vida”, afirma. Ela foi presa em 2008, quando participava com o companheiro de um esquema de comercialização de drogas. “Não participei de forma direta, mas sabia o que ele fazia. Eu me arrependo de não tê-lo convencido a sair desse meio”, comenta Camila, que é mãe de dois meninos, um de 6 e outro de 4 anos, que hoje em dia moram com a avó paterna. Na época da prisão de Camila e do companheiro, o filho caçula estava apenas com 11 meses de vida. Como ela, Alessandra Cristina Rodrigues, 26 anos, também traça um novo caminho no CRF. Ela participa dos cursos de violão e flauta, do coral e do projeto “Conquistando a Liberdade”, dando palestras aos estudantes em que conta da sua experiência. A partir de agosto, Alessandra também fará parte do projeto “Produzindo Cidadania”, em parceria com a Computer Store. “A nossa liberdade não tem preço. Não desejo isso para ninguém, mas amadureci muito nesse tempo em que estou aqui e agradeço a Deus pelas oportunidades que tenho tido”, frisa Alessandra que cumpre pena por tráfico internacional, mesma pena da mãe e do padrasto. “A mulher é mais ativa que o homem e sempre procura alguma atividade para fazer. Nossa principal preocupação é com os estudos delas, por isso buscamos motivá-las bastante. A capacitação também é uma prioridade para que elas possam ter outro olhar da vida, voltar à sociedade com uma profissão. Esta é a principal forma de reduzirmos o índice de reincidência ao sistema prisional, que atualmente é ainda é grande”, ressalta o diretor do Núcleo de Reinserção da Susipe, Ivaldo Capeloni. Segundo ele, mais de 50% das mulheres que ganham a liberdade voltam para a prisão. As mulheres cumprem pena no Pará em seis unidades. Além do Centro de Reeducação Feminino (CRF), em Ananindeua, as presas são alocadas no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP), em Santa Izabel, na região metropolitana; Centro de Recuperação Agrícola Mariano Antunes (Crama), em Marabá, no sudeste paraense; Centro de Recuperação Silvio Hall de Moura (CRSHM), em Santarém, no oeste do Estado; Centro de Recuperação Regional de Redenção (CRRR), no sul paraense; e Centro de Recuperação Regional de Altamira (Cralt), no sudoeste. Texto: Amanda Engelke - Secom Fone: (91) 3202-0911 / (91) 8150-8965 Email: amanda@agenciapara.com.br Foto:Carlos Sodré /Ag.Pa Secretaria de Estado de Comunicação Rodovia Augusto Montenegro, km 09 - Coqueiro - Belém - PA CEP.: 66823-010 Fone: (91) 3202-0901 Site: www.agenciapara.com.br Email: gabinete@secom.pa.gov.br