Agência Pará de Notícias Nesta quinta-feira, 26, o projeto “Conquistando a Liberdade”, desenvolvido pela Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe), entrou em uma nova fase, que garante a expansão das ações a um número maior de beneficiados. Criado para garantir o aproveitamento da mão de obra dos egressos em serviços à sociedade, o programa garante aos detentos do sistema penal, ao mesmo tempo, a remissão de suas penas e a reintegração social. Por esse sistema, a cada três dias trabalhados eles têm um dia de pena reduzido. O projeto começou a ser desenvolvido em 2011, no município de Abaetetuba, e este ano também passa a ser desenvolvido em Marituba, Santa Izabel, Tomé-Açu, Salinópolis, Paragominas, Mocajuba, Marabá e Capanema. O trabalho é realizado em escolas públicas, onde os internos desenvolvem serviços como pintura, jardinagem e manutenção das partes elétrica e hidráulica das instituições de ensino. A ampliação também ganhou a inclusão do “Papo di rocha”, onde os presos tem uma conversa franca com os jovens estudantes para alertá-los sobre o mundo das drogas e as incidências criminais. A escola Santa Tereza D’Ávila, em Marituba, foi uma das instituições que recebeu um grupo de 20 apenados. Apesar de saber da implantação do projeto na escola, a chegada dos presos deixou o estudante Bruno Ferreira um pouco apreensivo, mas ele próprio admite que a reação foi causada pelo preconceito que tinha. Depois de passar pelo “Papo di rocha” com cinco integrantes do progama, o aluno aprovou a experiência e mudou a forma de ver os detentos. “Gostei muito de conversar com eles. Serviu pra mudar a maneira como eu via os prisioneiros e também para entender o que é o cárcere; pensar dez vezes antes de cair na vida das drogas e do crime. Fiquei contente em ver que eles responderam nossas perguntas com sinceridade. Eles conseguiram nos passar uma boa mensagem e posso dizer que o meu discurso inteiro mudou a partir de hoje”, disse Bruno. O estudante Danilo Palheta também mudou a maneira de pensar depois de conversar com os internos. “Agora penso de outro jeito. Achei muito importante essa conversa que tivemos na escola. Muitos de nós não tem com quem conversar sobre drogas e crimes, e esse papo foi bem interessante por causa disso. Eles nos mostraram tudo de ruim que pode nos acontecer se fizermos as opções erradas”. O apenado José Rodrigues da Costa participou do bate-papo com os alunos e disse ter gostado da experiência. “Estou muito feliz com a oportunidade de contribuir para a mudança na vida desses jovens, de demonstrar com a minha experiencia o exemplo que eles não devem seguir. Fiquei orgulhoso de ouvir uma criança dizer que vai passar a obedecer completamente os pais depois da conversa que teve com a gente”. O vice-diretor da escola Santa Tereza D’Ávila, José Antônio Gonçalves, aprova a realização do projeto com os detentos nas escolas, que além de terem a estrutura física revitalizada, também ganham com a experiência relatada pelos apenados. “As instituições devem abrir as portas para os presidiários. Depois da família, as escolas são o espaço onde eles passam a maior parte do tempo e onde devem aprender o que é certo e o que é errado. Com essa ação, também mostramos aos nossos alunos que todos podem ter uma segunda chance, que têm algo de bom para oferecer, e sabemos que eles irão refletir sobre isso”. O detento José Serafin Sales, que na semana que vem ganhará a tão sonhada liberdade após cumprir pena de 15 anos e dois meses, ajudou na pintura das paredes da escola. Para ele, o projeto é um meio positivo de ressocialização e poder prestar serviços em prédios públicos é uma forma de se sentir útil para a sociedade. “Eu queria sair da penitenciária com a certeza de que posso fazer algo de bom para a comunidade e essa foi uma excelente oportunidade pra isso. Saber que posso ajudar, que as pessoas confiam no meu trabalho, que o sistema confia na gente e nos capacita para o trabalho. Mesmo em liberdade eu pretendo continuar essa prestação de serviços com a Susipe”. O projeto “Conquistando a liberdade” será realizado mensalmente até dezembro deste ano, acontecendo simultaneamente nos nove municípios envolvidos. No desenvolvimento desse projeto, a Susipe tem parceria com o Pro Paz, Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e Poder Judiciário, por meio dos Juízes das comarcas dos municípios participantes. O superintendente da Susipe, André Cunha, destaca que o trabalho desenvolvido, além de contribuir para a ressocialização do apenado, também gera economia para o Estado, que através do projeto tem acesso à mão de obra qualificada. “Vamos fazer um convênio com a Seduc para garantir os reparos nas escolas. Os custos serão apenas com os materiais utilizados na manutenção. Sabemos da importância desse projeto para mudar o olhar da sociedade sobre os internos. Acreditamos também que o bate-papo entre os apenados e os estudantes contribui para reduzir o número de jovens que entram para o mundo do crime e engrossam as estatísticas do sistema penal". Apartir desta primeira ação, a Susipe tem a expectativa de que os juízes das demais comarcas do estado também se mobilizem para ajudar a implantar o projeto em outros municípios. Todos os apenados passaram por uma seleção psicossocial e treinamento para o desenvolvimento das atividades, e só saem das unidades mediante sob escolta policial. Texto: Dani Filgueiras - Secom Fone: 81185849 / 81185849 Email: danifilgueiras@agenciapara.com.br Secretaria de Estado de Comunicação Rodovia Augusto Montenegro, km 09 - Coqueiro - Belém - PA CEP.: 66823-010 Fone: (91) 3202-0901 Site: www.agenciapara.com.br Email: gabinete@secom.pa.gov.br